Saltar para o conteúdo principal

Manuel Marques de Aguiar

Manuel Marques de Aguiar (1927-2015), formou-se como arquiteto na Escola de Belas Artes do Porto (1955, defesa do CODA) e como urbanista no Institut d’Urbanisme de Paris (1954). Ao longo da sua formação, o contacto com figuras como Carlos Ramos, Max Sorre, Jean Royer, Robert Auzelle, Pierre Lavedan e Gaston Bardet moldaram a sua forma de pensar e consubstanciaram um modo de ação onde sempre convergiu o rigor científico e uma visão humanista. A partir de 1956, integrou os Serviços de Urbanização, na Direção Geral de Ordenamento do território. Foi então que desenvolveu, com Ilídio Alves de Araújo, estratégias de ordenamento para a região Norte através da assessoria a decisores políticos e de argumentação técnica junto de autores de estudos e planos, com destaque para o redesenho da estrada de Bom Jesus (Braga, 1965) e a defesa da não localização da Sacor em Leça da Palmeira. Este trabalho de três décadas culminou na coordenação da equipa da Direção Geral de Ordenamento do Plano de reconstrução de Angra do Heroísmo, com a autoria dos três planos de pormenor (Plano de Pormenor da Carreirinha (fase 1 e 2), Plano de Pormenor da Silveira-Fanal e Plano de Pormenor do Desterro-Guarita (1982). Entre 1962-96, foi consultor de Urbanismo da Câmara Municipal de Espinho, com aproximadamente quatro mil pareceres e oitenta planos desenvolvidos pelas sucessivas equipas camarárias, em articulação com o Anteplano de Urbanização (1967) para esta cidade, que foi sendo progressivamente ajustado, sendo de sua autoria o projeto para as esplanadas (1965-96), o Pavilhão de Chá (1965), a Rua 19 (1989) ou a Praça de José de Salvador (1989). Paralelamente, manteve atividade enquanto arquiteto liberal, a partir do seu escritório no Porto. Nos projetos e obras de arquitetura identifica-se a procura de uma forte integração urbana recriando espaços de vivências e de encontro: é o caso da galeria do prédio de Gonçalo Cristóvão e do gaveto com a Rua do Bonjardim, formado pelos Edifícios Figueiredo e Lar Familiar (1957-68); das escolas Francesa (1959) e de Montalegre (1965); do Mercado de Montalegre (1964). Nos projetos de arquitetura (e obras de menor dimensão) – como na casa redonda nas Carvalhas, nas propostas para o equipamento turístico das Caldas de Aregos, mas também nas peças de arquitetura religiosa (ambão, sacrário, campa de D. António Ferreira Gomes) – destaca-se uma componente experimental (essencialmente “moderna”) e uma componente de relação com o lugar ou mesmo com a tradição.