Ângelo de Sousa
Moçambique, 1938 – Portugal, 2011
Ângelo de Sousa nasceu em Lourenço Marques em 1938. Em 1962, concluiu o Curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Entre 1967 e 1968 frequentou a St Martin’s School of Art e a Slade School of Fine Art, em Londres, nesse período interessou-se pelas potencialidades do filme e da fotografia. A sua aproximação aos diferentes meios – pintura, desenho, gravura, escultura, filme e fotografia – foi sempre experimental e ditada pela dinâmica e os resultados do próprio processo de trabalho. A economia de meios e formas, assim como a experimentação de variações dentro de séries, são características da obra de Ângelo de Sousa. Na sua pintura, a elementaridade é visível na redução ao preto, ao branco e às três cores primárias. Trata-se de um princípio programático explicitado pelo artista: “um máximo de efeito com um mínimo de recursos”.
Helena Almeida
Helena Almeida ( Lisboa, 1934 – Sintra, 2018) terminou o curso de Pintura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa em 1955 e expôs regularmente desde finais da década de 1960. A sua primeira exposição individual aconteceu em 1967, na Galeria Buchholz, em Lisboa.
Ao longo de toda a sua carreira, Helena Almeida questionou os meios artísticos tradicionais, em particular a pintura, disciplina a partir da qual explorou outras disciplinas, como o desenho, a performance, o vídeo e a fotografia. Nos seus trabalhos iniciais a artista reflete sobre a materialidade e os limites do espaço pictórico, trabalhando a tela de forma não convencional, como, por exemplo, pintando o seu verso ou acrescentando-lhe objetos do quotidiano. Na sequência destas obras iniciais, a artista encontrou na fotografia o meio ideal para explorar a tensão existente entre a sua obra e o seu corpo, tema sempre presente no seu pensamento artístico, para o que recorreu à autorrepresentação por que se tornou conhecida nacional e internacionalmente.
Helena Almeida representou Portugal nas Bienais de São Paulo (1979), Veneza (1982 e 2004) e Sidney (2004) e teve importantes exposições individuais em Portugal e no estrangeiro.
Ângela Ferreira
Ângela Ferreira, nasceu em 1958 em Maputo, Moçambique. Concluiu os estudos de Artes Plásticas na África do Sul obtendo o grau de mestre na Michaelis School of Fine Art, University of Cape Town. Atualmente vive e trabalha em Lisboa, leciona na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, onde obteve o Doutoramento, em 2016. O trabalho de Ângela Ferreira desenvolve-se em torno do impacto do colonialismo e pós-colonialismo na sociedade contemporânea. As suas homenagens escultóricas, sonoras e videográficas têm continuamente referenciado a história económica, política e cultural do continente africano ao recuperar a imagem e obra de algumas figuras inesperadas como Bob Dylan, Peter Blum, Carlos Cardoso, Ingrid Jonker, Jimi Hendrix, Jorge Ben Jor, Diego Rivera, Miriam Makeba, Angela Davis ou Forough Farrokhzad.
Augusto Alves da Silva
Portugal, 1963
Augusto Alves da Silva nasceu em 1963 em Lisboa. Obteve o seu B.A. (Hons) em Fotografia na London College of Printing (1989) e completou o seu M.F.A. em Media na Slade School of Fine Art, Londres (1997), com duas bolsas da Fundação Calouste Gulbenkian. Recorrendo à fotografia, mas também ao vídeo e à instalação revelou, nos últimos vinte anos, ser um dos artistas com uma visão mais crítica sobre a paisagem mediática contemporânea. Numa série de projetos tem devolvido aos espectadores da sua obra algumas das imagens mais irónicas e desencantadas sobre as formas – arquitetónicas, de ordenamento de território – que um determinado ideal de progresso veio nas últimas décadas trazer ao nosso país. Decidido a alertar os visitantes das suas exposições para o estado de apatia em que hoje consumimos imagens, o artista acredita que uma estudada presença de elementos dissonantes ou perturbadores num regime aparentemente claro como a fotografia pode levar o espectador a um estado de desconfiança que conduza a uma contemplação ativa.
Edgar Martins
Portugal, 1977
Edgar Martins (nascido em Évora) cresceu em Macau, China. Em 1996 mudou-se para Londres, onde estudou na Universidade das Artes e no Royal College of Art. Paisagem, lugar, espaço e arquitetura, bem como questões políticas, sociais e humanas, estabeleceram-se como os temas predominantes no seu imaginário fotográfico. Em trabalhos anteriores, Martins utilizou a fotografia para desenvolver uma investigação filosófica, quase científica, examinando vários conceitos minimalistas da paisagem urbana contemporânea. Movendo-se entre o factual e o ficcional, entre o concreto e o metafórico, o artista operou dentro de uma paisagem de incerteza, fluxo permanente, transição e oposição. O seu trabalho manteve um diálogo estreito e subtil com as tradições da topografia e da fotografia de paisagem, com uma ligação ao cinema, ao pictórico e ao escultórico.
Filipa César
Portugal, 1975
Filipa César é uma artista e cineasta interessada nos aspectos ficcionais do documentário, nas fronteiras porosas entre o cinema e a sua receção, e nas políticas e poéticas inerentes à imagem em movimento e às tecnologias de imagem. Desde 2011, tem vindo a investigar as origens do cinema do Movimento de Libertação Africana na Guiné-Bissau como um laboratório de resistência às epistemologias dominantes. O corpo de trabalho resultante compreende filmes de 16 mm, arquivos digitais, vídeos, seminários, exibições, publicações, colaborações contínuas com artistas, teóricos e ativistas e é a base da sua tese de doutoramento na FCSH-Nova Universidade de Lisboa. O trabalho de César faz a ponte entre discursos contemporâneos e históricos no seu trabalho em filme e vídeo, bem como nas suas publicações.
João Maria Gusmão + Pedro Paiva
Portugal, 1979 e 1977
João Maria Gusmão e Pedro Paiva conheceram-se enquanto frequentavam o curso de Pintura da Faculdade de Belas Artes em Lisboa. Na sua prática artística exploram amplamente diversos suportes, nos quais se incluem fotografia, escultura, escrita, instalação e, em particular, o filme de 16mm. A fusão entre arte e ciência é uma característica singular e constante nos seus projetos, assim como o uso do absurdo, do humor e de truques de ilusão. Gusmão e Paiva constroem narrativas que apresentam, muitas vezes, fenómenos naturais e físicos ou mesmo dúvidas quanto à perceção e faculdades humanas. Durante o seu percurso, realizaram múltiplas exposições em território nacional e internacional. Em 2004, ganharam o Prémio Novos Artistas da EDP e, em 2009, tornaram-se dos artistas mais jovens de sempre a representar Portugal na 53ª Bienal de Veneza.
Susanne S. D. Themlitz
Lisboa, 1968.
De origem luso-alemã, Susanne Themlitz inicia a sua formação artística em 1987, estudando desenho e escultura no Ar.Co. – Centro de Arte e Comunicação visual, Lisboa.Concluiu o curso em 1993, mas antes, em 1992, estudou um ano no Royal College of Art de Londres, através de um programa de intercâmbio. Concluiu em 1995 um MFA (Meisterchüler) na Kunstakademie de Düsseldorf, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Expõe regularmente desde 1992, sobretudo em Portugal e Alemanha, com uma primeira exposição individual em 1996. O trabalho de Susanne Themlitz caracteriza-se pela sua interdisciplinaridade, recorrendo a diversos materiais e técnicas, como a escultura, a fotografia, o desenho, a pintura e o vídeo. Tem sido premiada em todos esses domínios.Vive e trabalha entre Lisboa e Colónia.
Julião Sarmento
Portugal, 1948 – 2021
Julião Sarmento nasceu em 1948 em Lisboa, Portugal e vive e trabalha no Estoril, Portugal. Estudou Pintura e Arquitetura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Durante o seu percurso, Sarmento tem trabalhado com diferentes medium: pintura, desenho, escultura, fotografia, filme, vídeo, performance, som e instalação. Desenvolveu também diferentes projetos site-specific. Tem feito numerosas exposições individuais ou em grupo por todo o mundo ao longo das últimas cinco décadas.
Julião Sarmento representou Portugal na Bienal de Veneza 46 (1997). Participou na Documenta 7 (1982) e Documenta 8 (1987), a Bienal de Veneza (1980 e 2001) e a Bienal de São Paulo em 2002. O seu trabalho está representado em várias coleções públicas e privadas na América do Norte e do Sul, Europa e Japão.
André Cepeda
Portugal, 1976
André Cepeda nasceu em Coimbra em 1976. Atualmente, vive e trabalha em Lisboa. Frequentou o curso de fotografia da École des Arts d’Ixelles em Bruxelas (1995-1996) e começou a expor o seu trabalho com regularidade, a partir de 1999, em Portugal e no estrangeiro. A sua prática artística é atenta aos espaços do quotidiano, alguns esquecidos e outros rejeitados. Cepeda procura construir novas formas de olhar para a realidade, bem como criar novos contextos para as imagens. A série Ontem (2010) acompanha a vida de habitantes situados nos arredores mais marginalizados da cidade do Porto, e reúne imagens de paisagens, interiores e retratos. É fundador do Blues Photography Studio que produz trabalhos de fotografia, impressão, digitalização e tratamento de imagem para diversos artistas e instituições.
Júlia Ventura
Portugal, 1952
Júlia Ventura formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e tem o curso de Videoarte da Universidade de Concórdia, Montreal, Canadá. A sua obra elabora alguns dos mais importantes questionamentos históricos e ontológicos pós-modernistas sobre a representação fotográfica. Utilizando principalmente a fotografia nas suas potencialidades de representação e reprodutibilidade, e mais recentemente o vídeo e a pintura, explora o léxico dos estereótipos sexuais e imagéticos que rodeiam a representação feminina, influentes no decorrer do próprio discurso artístico e fotográfico. A artista trabalha sobre o conceito de matriz imagética, a sua massificação e alteridade, desconstruindo os seus componentes, criando paradoxos e dialéticas que denunciam a herança patriarcal na constituição da imagem do feminino e desarticula o legado verista da génese fotográfica.
Sara & André
Portugal, 1980 e 1979
Sara & André estudaram, respetivamente, Realização Plástica do Espectáculo na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, e Artes Plásticas na Escola Superior de Arte e Design, nas Caldas da Rainha. Expõem com regularidade desde 2006. Na sua prática artística, utilizam diferentes meios como a fotografia, a performance e o vídeo. O trabalho desenvolvido pelos artistas explora questões relacionadas com a autoria, a apropriação, a legitimação e o reconhecimento da obra de arte. A reinterpretação das noções de obra ou de artista é uma constante na sua produção que, muitas vezes, num tom irónico e crítico, testa a elasticidade das fronteiras da arte contemporânea. Na sequência do ciclo de exposições Curated Curators na Zaratan – Arte Contemporânea em 2017, do qual foram comissários, editaram o livro Uma Breve História da Curadoria (Documenta, Lisboa, 2019).
Carla Cruz
Artista, investigadora e professora universitária (EAAD – UMINHO), residente no Porto. Doutorada em práticas artísticas pela Goldsmiths University of London, com o apoio da FCT. Em 2016, foi-lhe atribuída a bolsa de Investigadora Associada pela AHRC Cultural Engagement fund, tendo como foco o centro comunitário londrino, The Mill. Desenvolve desde 2011 o projeto Finding Money com Antonio Contador, e coordena desde 2007 com Ângelo Ferreira de Sousa a Associação de Amigos da Praça do Anjo. Carla foi cofundadora do coletivo feminista de intervenção artística ZOiNA (1999-2004), e da Associação Caldeira 213 (1999-2002); entre 2005 e 2013 coordenou o projeto expositivo feminista All My Independent Wo/men.
Gonçalo Pena
Lisboa, 1967
Licenciou-se em Belas Artes pela ESBAL em 1993. Terminou o Mestrado em Ciências da Comuniçação pela UNL em 2001. De 1993 a 2004 destaca-se como ilustrador em Jornais, Semanários e Revistas (Independente, o Público, Ler, Livros, Egoísta e outros) e recebe o Single Ilustration Award pela Society for News Design em 2001. Docente na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha de 1996 a 2005 ano em que decide dedicar-se exclusivamente ao seu trabalho como artista plástico. Publicou pela Mousse Publishers três livros, “Monkey Trip”, “Unfinished Mandarin” e “Barber Shop”, vastas coleções de desenhos que cruzam religião, história e mitologia antiga com filosofia política e questões sociais.
Ana Vieira
Coimbra, 1940
Ana Vieira cresceu na ilha de São Miguel, nos Açores. Em 1964, licenciou-se em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Expondo em mostras colectivas desde 1965, realiza a sua primeira individual – Imagens ausentes – em 1968, na Galeria Quadrante (Lisboa). Participou na célebre mostra Alternativa zero, organizada por Ernesto de Sousa em 1977. A sua obra está representada em diversas coleções, designadamente na do Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian e na Fundação de Serralves, instituição que, em 1998-1999, lhe dedicou uma exposição antológica.