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Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva

O encontro entre David Moreira da Silva (1909-2002) e Maria José Marques da Silva (1914-1994) fez-se no universo da construção da cidade e da arquitetura. Maria José era filha do arquiteto que dirigia a Escola de Belas Artes do Porto (onde ambos se formaram), José Marques da Silva, e David era filho de José Moreira da Silva, construtor civil e fundador da Cooperativa dos Pedreiros Portuenses e foi colaborador do atelier de Marques da Silva. A biografia profissional do casal (casam-se em 1943) é marcada por um primeiro momento de fortíssima formação curricular de David Moreira da Silva, na década de 30 do séc. XX: depois do Curso de Arquitetura na EBAP (1929) seguiu para Paris, onde frequentou a ENSBA e o Institut d’Urbanisme. Desde 1940 e após a participação nos planos de Coimbra e Luanda em conjunto com Etienne de Gröer, o principal trabalho do atelier do casal, até nas duas décadas seguintes, foi o planeamento urbano. Com essa orientação e especialização é compreensível que David Moreira da Silva, desde 1946 até 1961, tenha assumido a docência da cadeira de urbanismo na Escola de Belas Artes do Porto. Na extensa obra projetada e construída, sobressai uma racionalidade formal e construtiva singular no panorama das obras modernas da cidade do Porto, com destaque para os edifícios do Palácio do Comércio, a para a Cooperativa dos Pedreiros (em particular o prédio de rendimento “Trabalho e Reforma” 1949] e a icónica Torre Miradouro, na rua da Alegria, [1963]). Um segundo grupo de obras significativas decorre da finalização de projetos iniciados e ainda em curso por José Marques da Silva (1869-1947), da sede da Sociedade Martins Sarmento, ao Monumento da Guerra Peninsular, ou as encomendas da Igreja (Porto, Braga e Guimarães). Nos anos 70 e 80, já relativamente arredados do papel central que, durante as três décadas anteriores, tinham tido no debate sobre a transformação urbana das cidades portuguesas, o casal dedicou-se sobretudo à exploração agrícola das suas propriedades em Barcelos, mas Maria José Marques da Silva assume então cargos de chefia na Associação dos Arquitectos Portugueses. Já na década de 90, o casal concebeu e criou uma instituição para preservar o espaço de encontro que justificou a sua vida. Hoje, a Fundação Marques da Silva, dedicada ao estudo e à defesa da cultura arquitetónica, prolonga o legado do casal no espaço de encontro das suas vidas: a arquitetura.